abril 17, 2012

DAS PALAVRAS FEZ-SE A HISTÓRIA

As Repúblicas

"A República, implantada em 1910 por meio de um golpe de força levado a cabo por uma vanguarda revolucionária civil e militar, teve à partida um grande capital de esperança.
No entanto, esse crédito foi rapidamente desbaratado.


Uma vez conquistado o poder, os dirigentes republicanos desentenderam-se. A política radical levada a cabo por Afonso Costa, o principal protagonista do novo regime, escolheu como inimigo principal a Igreja - mesmo sabendo que a religião católica continuava a ser referência fundamental para a esmagadora maioria dos portugueses. Dividida, a classe política isolou-se do país real, recusando o direito de voto aos analfabetos: "O partido republicano português tem obrigação de defender o povo, mesmo contra a vontade do próprio povo", sentenciava Afonso Costa em 1914. 
A duração dos governos da Primeira República media-se em semanas ou dias - havendo mesmo executivos que, apesar de nomeados, nem chegaram a tomar posse.
A participação na Primeira Guerra  Mundial foi um momento de rara unidade, espelhada no Governo chamado da União Sagrada, mas não bastou para fazer da República um regime em que a maioria dos portugueses se revisse.

Passado o episódio sidonista, precursor do tempo das ditaduras na Europa, voltou a instabilidade. Manteve-se até 1926, quando o golpe chefiado pelo general Gomes da Costa instaurou uma ditadura militar que abriu caminho ao Estado Novo, a "Segunda República".
Durante os quarenta anos seguintes, os holofotes da História incidiram sobre Salazar - a tal ponto que, no ano 2000, sondagens e inquéritos de opinião para determinar quem tinha sido o português mais importante do século XX tiveram como resposta largamente maioritária o Presidente do Conselho do Estado Novo.
A repressão - "meia dúzia de safanões a tempo" - e o atraso económico, social, cultural e, sobretudo, mental marcaram o longo consulado salazarista. Os portugueses refugiaram-se no futebol e nas comédias do cinema popular. A obstinação na defesa de um império colonial ao arrepio dos ventos da História, "Orgulhosamente sós", arrastou o país para uma guerra em África que traumatizou toda uma geração.


Descontentes com o impasse a que tinha chegado a guerra em Angola, Guiné e Moçambique, os oficiais das Forças Armadas liquidaram o regime. Mas o que se passou em 25 de Abril de 1974 foi mais do que um simples golpe militar.
O apoio activo da generalidade da população transformou o movimento da tropa num processo democrático. Os dezoito meses de vertigem que se seguiram foram as dores de parto do regime em que acabámos por escolher viver.
Foi nesse período que Portugal conheceu uma experiência inédita a nível mundial: o Governo fez greve e o primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo respondeu sem papas na língua aos manifestantes que lhe chamavam "fascista", o pior insulto que então se podia imaginar: "Bardamerda para o fascista!".
A eleição da Assembleia Constituinte, em 1975 - as primeiras eleições verdadeiramente livres e universais da nossa História - foi o acto fundador da Terceira República.
Com altos e baixos, períodos (curtos) de vacas gordas e constantes apertos de cinto, os portugueses entraram no século XXI com um regime democrático, integrado na União Europeia. Ao fim de quase 900 anos, há frases que continuam a fazer História de Portugal".
        
Ferreira Fernandes e João Ferreira,
in Frases que fizeram a Hitória de Portugal, 2010


Se quiser conhecer melhor os acontecimentos da história recente do nosso país,
visite até 4 de maio, no átrio de entrada da Biblioteca Municipal,
a exposição "Autores da Liberdade",
 acompanhada de uma mostra bibliográfica de autores e livros, que relatam e interpretam os acontecimentos mais recentes que marcaram a nossa História.



PASSE POR CÁ!
PASSE A CONHECER!

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