fevereiro 20, 2013

QUEIMAR UM LIVRO NÃO SIGNIFICA DESTRUÍ-LO. UM MINUTO DE ESCURIDÃO NÃO NOS TORNARÁ CEGOS


No dia de São Valentim, 14 de fevereiro de 1989, um escritor chamado Salman Rushdie foi acusado de blasfémia, e outros crimes contra a religião e o profeta, e condenado à morte pelo ayatollah Khomeini: "Faço saber às orgulhosas nações muçulmanas que foram condenados à morte o autor de Os Versículos Satânicos - um livro que atenta contra o Islão, os profetas e o Corão. (...) Todo aquele que perder a vida ao tentar matar Rushdie será considerado mártir e irá diretamente para o Paraíso":

Irão, 1989, manifestação contra o livro de Salman Rushdie.
 Fotografia de Kaveh Kasemi

"É muito, muito fácil, não nos ofendermos com um livro. Só temos de o fechar."
                                                                                                                                 Salman Rushdie



Salman Rushdie por André Carrilho

Escritor inglês de origem indiana, Salman Rushdie, nasceu a 19 de junho de 1947, em Bombaim, Índia, numa família muçulmana. Aos 14 anos foi estudar para Inglaterra e em 1968 formou-se em História no King's College, em Cambridge. Foi ator de teatro e copywriter em agências de publicidade, trabalho que desempenhou até 1981.
Em 1975 fez a sua estreia como romancista com "Grimus", uma obra de fição científica inspirada num poema do século XII.
Em 1981 voltou a editar um livro "Os filhos da Meia-Noite" com o qual ganhou o reconhecimento internacional por ter ganho o Booker Prize desse ano. O romance "Os filhos da Meia-Noite", foi escolhido pela segunda vez em 15 anos, como o melhor dos livros vencedores do Booker Award, um dos prestigiados prémios literário do Reino Unido.
Em 1988 lançou o mais famoso dos seus livros "Os Versículos Satânicos", com o qual ganhou o prémio Whitbread.



"Rushdie estava no caminho certo para um Nobel, num futuro qualquer. Naquele dia, o futuro acabou".
                                                                        Clara Ferreira Alves, in Expresso, 22/09/2012


A fatwa não prescreveu, nem sequer depois da morte de Komeini, a 3 de junho de 1989. Em 1991 o caso Rushdie chegou a um novo momento de tensão. A 3 de julho o tradutor italiano de  "Os Versículos Satânicos" foi apunhalado; uma semana mais tarde o tradutor japonês foi assassinado em Tóquio. 
O livro foi banido na Índia, África do Sul, Paquistão, Arábia Saudita, Egito, Indonésia, entre outros e Salman Rushdie foi obrigado a viver na clandestinidade. 
Só em 2002 a ameaça da fatwa desapareceu e mesmo assim não completamente.
Foram  13 anos de esconderijo em esconderijo, em perigo de vida, sob a proteção da Scotland Yard.



"A história é tão absurda. Ser condenado à morte por uma fantasia literária, e por gente que nunca tinha lido o livro, e não chegou a lê-lo. (...) Nada em "Os Versículos Satânicos", que foi bem recebido, fazia prever o incêndio. Que começou  com um artigo de jornal na Índia e se propagou como fogo. "Tive de fazer a mim mesmo essa pergunta, será que valeu a pena? Não passa de um raio de um livro. E havia tanta gente a dizer-me, não passa de um romance, deita-o fora, nega-o, esquece-o e segue com a tua vida. Que pedisse desculpa. Porque havia de pedir desculpa?"
                     Entrevista de Salman Rushdie a Clara Ferreira Alves, in Expresso 22/09/2012


"Um livro é uma versão do mundo. 
Se não te agrada, ignora-a e oferece a tua própria versão"
                                                                                                               Salman Rushdie



Nenhum livro de Salman Rushdie foi banido da Biblioteca Municipal da Marinha Grande.
Visite-nos!


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