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setembro 13, 2012

O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU











"Os portugueses sentem-se revoltados em relação ao presente e angustiados em relação ao futuro. Estão fartos de fazer sacrifícios em troca de nada e em nome de coisa nenhuma. (...) Goste-se ou não, a verdade é que cheira mesmo a fim de regime. Ou se constrói uma alternativa credível e mobilizadora, ou o pântano em que vivemos dará lugar a um grave impasse político e institucional e a uma grave convulsão social."

Luís Marques Mendes                                                                                           



"Do que mais se queixam os portugueses?
Do desemprego elevado, dos salário baixos, das pensões exíguas, da pobreza crescente, dos impostos altos, da "hipoteca" dos endividamentos e do futuro sem esperança.
Poderemos empobrecer lentamente até que da Europa só nos reste a geografia. 
Uma coisa, porém, é certa: se não conseguirmos "mudar" o essencial da nossa sociedade, teremos o futuro comprometido.
A economia portuguesa regista uma década tão medíocre que só encontra paralelo próximo no fim da Monarquia e no princípio da República".
Medina Carreira e Eduardo Dâmaso




"Todos os dias entregamos ao Estado uma parte substancial dos nossos impostos e acreditamos que o Estado vai gerir esse dinheiro de forma conscienciosa, em obediência aos critérios de boa gestão financeira. Não é, porém, o que acontece. (...) O capital que tanto nos custou a amealhar é usado em negócios ruinosos com o setor privado ou desperdiçado em obras públicas que se eternizam ou não fazem sentido económico ou financeiro.
Não só pagamos os impostos como a fatura da sua má gestão.
Ao gastar alegremente mais do que tem, o estado acumula dívida e quem tem de a assumir somo nós, os contribuintes, que pagamos. 
Carlos Moreno






Tantos anos passados e a realidade é a mesma



Tenha um Bom Dia

setembro 12, 2012

SE PRECISAR LEVE ... MANUAIS ESCOLARES

Com a proximidade de mais um ano letivo, aumenta a preocupação dos pais e encarregados de educação. Nesta fase, não é ainda o desempenho escolar dos filhos a preocupação que surge em primeiro lugar. Agora, a preocupação mais imediata, é a compra dos materiais e, sobretudo, dos manuais escolares. É uma fase preocupante, com forte impacto nos orçamentos familiares e em que qualquer contributo é bem vindo. 

A Biblioteca Municipal poderá dar algum contributo. 
Não aquele que muitas famílias gostariam de poder contar, mas aquele que nos é possível prestar. 




A Biblioteca Municipal dispõe de alguns manuais escolares, 
que pode ceder gratuitamente a quem deles necessitar. 

São manuais que foram entregues voluntariamente por quem deles já não necessitava. Infelizmente, são manuais que já não constam da lista de livros adotados para este ano letivo. Mesmo assim, podem ainda constituir recursos e complementos formativos, com conteúdos perfeitamente válidos.

Os manuais encontram-se expostos no átrio da entrada da Biblioteca Municipal 
e serão entregues gratuitamente a quem deles necessitar. 


PASSE POR CÁ.
SE PRECISAR, LEVE. 



setembro 06, 2012

O ERRO É O FUNDO EM QUE SE DESTACA UMA VIRTUDE, E A VIRTUDE SERIA INAPRECIADA SE O ERRO NÃO EXISTISSE.


"Amadeo de Souza Cardoso é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX!"
                                                                                                             Almada Negreiros


Amadeo de Souza Cardoso nasceu a 14 de novembro de 1887 em Manhufe, Amarante e foi o percursor da arte moderna em Portugal.
Os seus primeiros trabalhos foram os desenhos e as caricaturas.
Aos dezanove anos mudou-se para Paris e aí tomou conhecimento com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o Cubismo.
Conheceu Amadeu Modigliani, de quem se tornou um grande amigo, compartilhando com ele um atelier.  
No dia 5 de março de 1911, Modigliani e Amadeo de Souza Cardoso inauguraram uma exposição no atelier do pintor português, perto do Quai d'Orsay, cujo livro de honra foi assinado por Picasso, Max Jacob e Derain.


Em 1912 publicou um álbum com 20 desenhos e, depois disso, copiou o conto de Flaubert "La légende de Saint Julien l'Hospitalier", trabalho esse ignorado pelos apreciadores de arte. Este último trabalho, depois de ter ficado durante muitos anos nas mãos do editor, acabou por ser adquirido pela própria viúva do pintor, para evitar que fosse destruído.

Menina dos cravos
Em 1914, Amadeo de Souza Cardoso tem trabalhos expostos em Londres e nos Estados Unidos da América.
Depois de participar numa exposição nos Estados Unidos, em 1913, voltou a Portugal e realizou duas exposições, uma no Porto e outra em Lisboa, causando escândalo: as suas obras foram criticadas, ridicularizadas e houve até confrontos físicos entre críticos e defensores da arte moderna.
Em Portugal é difícil aceitar novos processos e novas ideias e muitas vezes os percursores só veem reconhecido o seu trabalho após a sua morte.
Em 1914 encontrou-se em Barcelona com Antoni Gaudi, e parte para Madrid onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial. Regressa a Portugal e envolve-se na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com tal persistência que, em 1916, expõe no Porto 114 obras com o título "Abstracionismo".


"A ciência descreve as coisas como são; 
a arte, como são sentidas, como se sente que são".
                                                                                                                        Fernando Pessoa





A 25 de outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre prematuramente em Espinho, vítima de gripe pneumónica que grassava em Portugal.

Em 1925, realizou-se em França uma retrospetiva do pintor, com 150 trabalhos que foram muito bem aceites pelo público e pela crítica. Dez anos depois, em Portugal, foi criado um prémio para distinguir pintores modernistas, que recebeu o nome "Prémio Souza-Cardoso". 
Em 1953, a Biblioteca-Museu de Amarante, sua cidade natal, deu a uma das suas salas o nome do pintor e, em 1958, a Casa de Portugal,  em Paris, realizou uma exposição das suas obras.


De 14 de novembro de 2006 a 14 de janeiro de 2007, na Fundação Calouste Gulbenkian houve uma retrospetiva da sua obras, com o título "Diálogos de Vanguarda". A exposição reuniu cerca de 260 obras, graças à colaboração de vários museus e coleções particulares espalhadas por todo o mundo e, constituiu um dos momentos culturais de 2006.
O público acorreu em massa à Gulbenkian e no último dia da exposição as portas estiveram abertas toda a noite. 

"A arte começa onde a imitação acaba"
                                                                                                            Oscar Wilde


Gosta de arte? 
A Biblioteca Municipal também e até tem livros sobre o assunto.

Visite-nos


agosto 30, 2012

SABIA QUE...


"A expressão mais excitante em ciência, a que prenuncia novas descobertas, não é "Eureka!", mas sim "Que engraçado...!"
                                                                                                                         Isaac Asimov

Sabia que os gelados com pauzinho foram inventados por uma criança de onze anos que, acidentalmente, numa fria noite de inverno, deixou fora de casa o refresco que preparara?
E que a plasticina foi originalmente usada como produto de limpeza para o papel de parede?
Alguma vez pensou que as deliciosas batatas fritas pala-pala devem a sua existência à reação enfurecida de um Chefe de Cozinha, após uma queixa de um cliente sobre a espessura das suas batatas?



Venha à Biblioteca Municipal, requisite este livro, junte a família e passe um serão divertido.

Invenções Acidentais, é um livro recheado de factos interessantes que, de uma forma bem disposta, nos dá informações sobre o modo como foram criados, por exemplo, alguns alimentos ou objetos do nosso dia a dia.
São histórias fascinantes por detrás das invenções acidentais mais importantes do mundo: da penicilina ao micro-ondas, passando pelos post-it e pelo velcro, até às saquetas de chá e à máquina de escrever.
Invenções que mudaram de maneira radical a nossa vida e o mundo à nossa volta.


Os esquilos colecionam nozes. Os cães enterram ossos. Os camelos armazenam comida e bebida nas suas bossas. Os porcos não fazem nada disso. Não se interessam por colecionar, enterrar ou armazenar.
Então porque guardamos o nosso dinheiro num porquinho?
A história deste objeto vem do século XV, quando os potes eram feitos com um barro barato cor de laranja, também chamado "pygg" (porco em inglês antigo). Nesses tempos, o dinheiro era guardado num desses potes, o chamado piggy bank. Séculos mais tarde, toda a gente se esquecera que "pygg" se referia ao material e, quando foi pedido a um oleiro inglês que fizesse piggy banks, ele produziu potes com a forma de porcos, o que encantou as crianças.


"Uma invenção fabulosa, mas quem a quererá usar?"
Rutherford B. Hayes, Presidente americano, depois de ter feito uma chamada de Washington para a Pensilvânia com o telefone de Alexander Graham Bell, em 1876.




O famoso pintor expressionista russo Wassily Kandinsky é considerado o fundador da pintura abstrata. 
Segundo uma anedota popular, uma noite, quando chegou ao seu estúdio em Munique, reparou numa estranha e irreconhecível imagem de "uma beleza interior pouco habitual". Depressa se apercebeu que se tratava de uma das suas pinturas figurativas que estava de pernas para o ar no cavalete.
Diz-se que esta experiência o convenceu quanto aos poderes da abstração total.



"Tudo o que podia ser inventado já foi inventado."
Charles H. Duell, comissário do Departamento de Patentes dos Estados Unidos, em 1899, ao revelar que pretendia encerrar o Departamento de Patentes.

Ficou curioso, não ficou?
Visite-nos!



agosto 28, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO JOÃO TORDO



João Tordo nasceu a 28 de agosto de 1975 e é filho do cantor Fernando Tordo e de Isabel Branco. Formou-se em Filosofia. Em 1999 foi para Londres fazer um Mestrado em Jornalismo. A cidade influenciou-o tanto, que quis ficar até "ao limite das suas possibilidades", mas quando deu por si a trabalhar num bar e a fazer traduções, percebeu que era tempo de partir.
Seguiu para Nova Iorque e frequentou os cursos de escrita criativa do City College. De manhã ia às aulas, servia à mesa num restaurante durante o jantar e escrevia pela noite dentro.
O seu livro "O livro dos Homens sem Luz" publicado em 2004 nasceu assim.

João Tordo é influenciado por autores como Edgar Allan Poe, Herman Melville ou Dostoievski, e pela literatura policial e de mistério, construindo narrativas dentro de narrativas  que absorvem o leitor. 
Foi o vencedor do Prémio Jovens Criadores em 2001.
Escreveu, em parceria, o guião para o filme "Amália, a Voz do Povo" de 2008.

Em 2009 foi o vencedor do Prémio Literário José Saramago.

"Sou o sexto escritor que vence este prémio, atribuído bianualmente. É uma grande responsabilidade porque a partir do momento em que ficamos debaixo deste jugo que é o nome  de José Saramago - nome mais importante das nossas letras nos últimos cem anos - temos de fazer jus desse nome. Portanto, tudo o que vier daqui para a frente são momentos que me vão obrigar a pensar muito bem naquilo que vou escrever e publicar".

Em 2011 foi finalista do Prémio Portugal Telecom.
Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.

Publicou cinco romances:
  • 2004 - O livro dos Homens Sem Luz
  • 2007 - Hotel Memória
  • 2009 - Três Vidas - vencedor do Prémio José Saramago
  • 2010 - O Bom Inverno - finalista do Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores
  • 2011 - Anatomia dos Mártires
Terminou no passado mês de julho o seu último romance.
Os seus livros estão publicados em França, Itália, Brasil, Sérvia e Croácia.

Para ler os seus livros não precisa de ir tão longe. 
Basta visitar-nos.

Uma Boa Semana com Boas Leituras.

agosto 21, 2012

HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM


Há palavras que nos beijam
Alexandre O'Neill escreveu
Cristina Branco canta


Caricatura de André Carrilho
21 de agosto de 1986, faz hoje 26 anos que morreu Alexandre O'Neill, vítima de um acidente vascular cerebral, depois de ter passado vários anos doente. 
A sua vida mistura-se com a das personalidades mais conhecidas das artes e das letras em Portugal na segunda metade de século XX.
Alexandre O'Neill foi poeta, publicitário, escreveu para teatro, cinema, televisão, letras para fados,(escreveu a letra do fado "Gaivota" destinado à voz de Amália Rodrigues, com música de Alain Oulman)  cronista, tradutor e organizador de antologias e ainda um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa.
As suas primeiras influências surrealistas surgem em 1947, quando contacta com Mário Cesariny.
Em 1948, fundam o Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com José Augusto-França, António Pedro e Vespeira. Este grupo depressa se divide em dois e dá origem ao Grupo Surrealista Dissidente, com personalidades como António Maria Lisboa e Pedro Oom.



Discurso

no dize-tu-direi-eu
havia um que dizia
quer dizer é como quem diz
que o mesmo é não dizer nada
tenho dito



Em 1943, com dezassete anos, publicou os primeiros versos num jornal de Amarante, o "Flor do Tâmega". A partir de 1957, começou a escrever para os jornais, assinando colunas regulares do Diário de Lisboa, A Capital e Jornal de Letras. Com a edição, em 1958 de "No Reino da Dinamarca", O'Neill viu-se reconhecido como poeta. Em 1959 iniciou-se como redator de publicidade e ficaram famosos alguns slogans publicitários da sua autoria.
Quem é que nunca ouviu "Há mar e mar, há ir e voltar"?

Em 1953, esteve preso vinte e um dias no Estabelecimento Prisional de Caxias, por ter ido esperar Maria Lamas, regressada do Congresso Mundial da Paz em Viena.  A partir dessa data, passou a ser vigiado pela PIDE, chegando mesmo a ter o passaporte confiscado.


O Amor é o Amor

O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor
e trocamos - somo um? somos dois?
espírito e calor!

O amor é o amor



Recebeu em 1982, o Prémio da Associação de Críticos Literários.
Os seus textos caracterizam-se por uma intensa sátira a Portugal e aos portugueses.

Idiota e Felicidade
"(...) Os idiotas, de um modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia, podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo.
Oremos.
Oremos para que o idiota só muito raramente se sinta feliz. Também, coitado, há-de ter, volta e meia, que sentir-se qualquer coisa".
Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim"


Os Convencidos da Vida
(...) Todos os dias os encontro. Evito-os. Ás vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrange. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vença, lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim".


Quem for viajar, encontrará, desde o passado dia 17 de julho,  Alexandre O'Neill, numa caricatura do cartonista António nas paredes da extensão do metro do aeroporto de Lisboa. 


Descendente de irlandeses, Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill, ou simplesmente Alexandre O'Neill, nasceu em Lisboa a 19 de dezembro de 1924.






Venha à Biblioteca Municipal
Aqui encontrará mais informação sobre O'Neill e 
Aqui a sua poesia, que poderá levar consigo.




agosto 14, 2012

DE NENHUM FRUTO QUEIRAS SÓ METADE




Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nasceu em S. Martinho de Anta, a 12 de agosto de 1907 e faleceu em Coimbra a 17 de janeiro de 1995, foi um dos mais importantes escritores portugueses de século XX.
Em 1918, foi para o seminário de Lamego. Estudou português, geografia e história, aprendeu latim e familiarizou-se com os textos sagrados. Pouco tempo depois comunicou ao pai que não queria ser padre. 
Emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos de idade, para trabalhar na fazenda de café do tio. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e paga-lhe os estudos liceais em Leopoldina, onde se distingue como aluno. Convicto que o sobrinho viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-lhe pagar os estudos o que o levou a regressar a Portugal para concluir o liceu.


Em 1928, entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publicou o seu primeiro livro de poesia, Ansiedade.
No ano seguinte, com 22 anos, começou a colaborar na revista Presença, mas rompeu definitivamente com a revista em 1930, assumindo uma posição independente. Foi em 1934 que criou o pseudónimo "Miguel" e "Torga". 
Miguel em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. 
Torga é uma planta transmontana, com raízes agarradas e duras "assim como eu sou duro"



Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

A intervenção cívica de Miguel Torga na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos crimes da guerra civil de Espanha e de Franco, valeu-lhe a apreensão de algumas das sua sobras pela censura.
Foi preso pela PIDE e teve algumas vezes vontade de sair do país: "Mas abandonar a Pátria com um saco às costas? Para poder partir teria de meter no bornal o Marão, o Douro, o Mondego, a luz de Coimbra, a biblioteca e as vogais da língua. Sou um prisioneiro irremediável numa penitenciária de valores tão entranhados na minha fisiologia que, longe deles seria um cadáver a respirar".


Desenho de Carlos Botelho
Começou a exercer clínica geral na sua aldeia natal, mas a experiência foi negativa. Seguiu-se Leiria, uma cidade que gostava, mas por causa do mau trabalho das tipografias (por causa de uma vírgula era capaz de passar uma noite sem dormir), fixou-se definitivamente em Coimbra, em 1941, como otorrinolaringologista.
Em 1940 casou com a professora universitária, a belga Andrée Crabbé: "Vou tentar ser um bom marido, cumpridor. Mas quero que saibas, enquanto é tempo, que em todas as circunstâncias te troco por um verso. (Criação do Mundo V)


Fotografia de Eduardo Gageiro
"De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade e  da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo"
Diário, Coimbra, 9 de dezembro de 1993

Os seu livros estão traduzidos em várias línguas, entre elas o espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.

Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe atribuídos:

  • 1969 - Prémio Diário de Notícias
  • 1976 - Prémio Internacional de Poesia das Bienais de Knokke-Heist
  • 1980 - Prémio Morgado de Mateus
  • 1981 - Prémio Montaigne
  • 1982 - Prémio Écureuil de Literatura
  • 1989 - Prémio Camões
  • 1991 - Prémio Personalidade do Ano
  • 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores
  • 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.
  • Foi ainda proposto para o  Prémio Nobel da Literatura.

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado, 
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
                                                                                                  Miguel Torga, Diário XIII

A Biblioteca Municipal dispõe bibliografia do autor para empréstimo domiciliário.
Veja AQUI



BOM FERIADO

agosto 08, 2012

FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES



Raul Augusto Almeida Solnado, humorista, apresentador de televisão e ator, nasceu em Lisboa a 19 de outubro de 1929. 

"Lisboeta militante ortodoxo, um dia perguntaram-lhe:
- De onde é que você é?
- De Lisboa.
- Mas de que sítio?
Ele abriu os braços como se explicasse o mundo:
- De toda."

Iniciou a sua carreira artística aos 17 anos como ator amador na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, onde foi colega de José Viana, Varela Silva e Jacinto Ramos.
O gosto pelo teatro levou-o a inscrever-se, em 1951, num curso noturno do Conservatório Nacional.
Em 1952 estreou-se "profissionalmente" num show no Maxime e a partir daí não mais parou fazendo opereta, revista, teatro clássico, cinema e televisão, fazendo rir e pensar.
Enfrentou os seus primeiros problemas com a censura em 1961. Solnado e Camilo de Oliveira são julgados por ofensas contra a Comissão de Exame e Classificação dos Espetáculos por terem representado falas que tinham sido previamente censuradas.


Raul Solnado, 1966, 2 dias antes da inauguração da Ponte 25 de Abril.
Fotografia de Eduardo Gageiro, capa do Século Ilustrado
Em 1960, juntamente com Humberto Madeira e Carlos Coelho, tornou-se sócio da Companhia Teatral do Capitólio. Pelo seu desempenho secundário de sacristão no filme "As Pupilas do Senhor Reitor" (1961) de Perdigão Queiroga, foi agraciado com o Prémio SNI para Melhor Interpretação Masculina.
Marcou presença num dos momentos mais emblemáticos do Cinema Novo português como protagonista, em 1962, do filme "Dom Roberto" de José Ernesto de Sousa. O seu registo dramático foi elogiado em todos os jornais. "Dom Roberto" foi o primeiro filme português a ser distinguido no Festival de Cannes com o Prémio da Jovem Crítica.

Em 1961, Solnado atingiu o auge da sua popularidade com a rábula "A História da Minha Ida à Guerra de 1908", representada pela primeira vez na Revista Bate o Pé. Conseguiu pôr Portugal a rir de uma guerra sem sentido, numa altura em que a guerra colonial era um assunto tabu. A rábula foi editada em disco, tornando-se um fenómeno de vendas pouco usual para a época e, superou inclusivamente as vendas dos discos da Amália Rodrigues.


Foi com Carlos Cruz e Fialho Gouveia que em 1969, Raul Solnado apresentou na RTP um programa inovador e que se tornou um marco na programação televisiva: o Zip-ZipUma mistura de talk-show com números cómicos e musicais que alcançou grande sucesso.
Solnado viria a estar presente noutro êxito televisivo, em 1977: A Visita da Cornélia. 

Voltou ao cinema, em 1987,  pela mão do realizador José Fonseca e Costa, num impressionante papel dramático como inspetor Elias Santana em "A Balada da Praia dos Cães".

Na televisão protagonizou, com Armando Cortez e Margarida Carpinteiro, a sitcom "Lá em Casa Tudo Bem" em 1987. Participou nas telenovelas "A Banqueira do Povo" em 1993 e em 2000 em "Ajuste de Contas". Ainda em 2000, participou no telefilme da SIC "Facas e Anjos", onde pôde realizar o velho sonho de vestir a pele de um palhaço.



Editou, em 1991, a sua biografia "A Vida Não se Perdeu", que a Biblioteca Municipal  dispõe para empréstimo domiciliário.
Foi sua a ideia de criar a Casa do Artista, concretizada depois por Armando Cortez, Manuela Maria e Carmem Dolores e, inaugurada oficialmente em setembro de 1999.

Voltou aos palcos em 2001 com a peça "O Magnifico Reitor" de Freitas do Amaral. Recebe o Prémio Carreira Luís Vaz de Camões.

Foi homenageado em 2002 com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e recebeu, a 10 de junho de 2004, do Presidente Jorge Sampaio a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Grava o seu último trabalho televisivo em 2009, " As Divinas Comédias", uma série de quatro programas produzidas pelas Produções Fictícias, para a RTP1, apresentadas por Bruno Nogueira e pelo próprio Raul Solnado, numa conjugação de duas gerações de humoristas portugueses.


A sua carreira de cinco décadas  de sucessos fizeram de Solnado uma das maiores vedetas populares do nosso meio artístico.

Aos 79 anos de idade, a 8 de agosto de 2009, faleceu vítima de uma doença cardiovascular.


A infância está perdida
A mocidade está perdida
Mas a vida não se perdeu
                                                                                         Carlos Drummond de Andrade



julho 30, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO EUNICE MUÑOZ


Eunice Muñoz nasceu na Amareleja, 30 de Julho de 1928
 é uma atriz portuguesa de referência do teatro português
 e é considerada uma das melhores de todos os tempos.  




Com origens numa família de atores, Eunice Muñoz estreou-se em 1941, na peça "Vendaval", de Virgínia Vitorino, com a Companhia Amélia Rey Colaço/ Robles Monteiro, sediada no Teatro Nacional D. Maria II. O seu talento é de imediato reconhecido, e admirado por Palmira Bastos, Raúl de Carvalho, João Villaret ou pela própria Amélia Rey Colaço, o que lhe permite uma rápida integração na Companhia.
Em 1946 dá-se a sua estreia no cinema, aparecendo no filme de Leitão de Barros, "Camões". Por esta interpretação, Eunice ganha o Prémio do SNI - Secretariado Nacional de Informação, para a melhor atriz cinematográfica do ano.


Em 1947 ingressa na Companhia de Comediantes Rafael de Oliveira, onde é dirigida por Ribeirinho. No ano seguinte regressa ao Teatro Nacional para protagonizar "Outono em Flor", de Júlio Dantas. Seguidamente "Espada de Fogo", de Carlos Selvagem, encenado por Palmira Bastos, é um êxito retumbante.
Passa pelo Teatro da Trindade e durante quatro anos retira-se dos palcos. A sua re-apariçao dá-se em "Joana D' Arc", de Jean Anouilh, no palco do Teatro Avenida. Multidões perfilam-se pela Avenida da Liberdade, desejosas de obter um bilhete para ver Eunice, que a crítica aclama como genial.
Já nos anos 60, passa para a comédia na Companhia do Teatro Alegre, no Parque Mayer, ao lado de nomes como António Silva ou Henrique Santana
No Teatro Monumental fez "O Milagre de Anna Sullivan", de William Gibson (Prémio de Melhor Atriz do SNI ex-aequo com Laura Alves - 1963).

Em 1965 Raúl Solnado funda a Companhia Portuguesa de Comediantes (CPC), no recém inaugurado Teatro Villaret. Eunice recebe o maior salário, até aqui nunca pago a uma actriz dramática: 30 contos mensais. 
A peça de estreia é "O Homem Que Fazia Chover", de Richard Nash, encenado por Alain Oulman. Seguiram-se interpretações de Tenessee Williams e Bernardo Santareno.
Fundou, em 1970, com José de Castro a Companhia Somos Dois, com a qual fez uma longa tournée por Angola e Moçambique, dirigida por Francisco Russo em "Dois Num Baloiço", de William Gibson. 
Estreou-se na encenação com "A Voz Humana", de Jean Cocteau.


Com a proibição pela censura, a poucas horas da estreia, de "A Mãe", de Stanislaw Wiktiewicz, em que Eunice era a protagonista, o diretor da companhia, Luiz Francisco Rebello, demitiu-se.   

Em 1978, voltou aos palcos portugueses  integrada na companhia do reaberto Teatro Nacional D. Maria II, onde teve enormes êxitos, interpretando peças de Donald Coburn, John Murray, Bertolt Brecht, Hermann Broch, Athol Fuggard, Eurípedes, entre outros, trabalhando com encenadores como João Perry ou João Lourenço.

Em 1991, celebraram-se os seus 50 anos de Teatro, com uma exposição no Museu Nacional do Teatro, sendo Eunice condecorada, em cena aberta, no palco do Teatro Nacional, pelo Presidente da República, Mário Soares, quando evocava, de forma magistral, a figura de Estêvão Amarante, na revista-homenagem de Filipe La Féria.


A peça de teatro A Maçon”, foi escrita pela romancista Lídia Jorge propositadamente para Eunice e foi levada a cena em 1997, no palco do Teatro Nacional.

Em 2006 representou pela primeira vez na casa a que deu nome, o Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras, com a peça "Miss Daisy", encenada por Celso Cleto.

Em 2007, no Teatro Maria Matos co-protagoniza com Diogo Infante "Dúvida" de John Patrick Shanley, sob a direção de Ana Luísa Guimarães. Em maio de 2008 é agraciada com o Globo de Ouro de Mérito e Excelência.



Em 2009 regressa ao Teatro Nacional D. Maria II com a peça "O Ano do Pensamento Mágico", de Joan Didion, sob a encenação de Diogo Infante.


Em 2011 volta à cena com "O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams, sob a encenação do mestre Carlos Avilez, no Teatro Experimental de Cascais.




Ainda em 2011, Eunice apresenta "O Cerco a Leninegrado" de José Sanchis Sinisterra, que teve estreia nacional em novembro, no Auditório Municipal Eunice Muñoz em Oeiras, e que muitos de nós tiveram o prazer de ver no dia 1 de março deste ano, no Teatro José Lúcio da Silva. Eunice Muñoz, celebrou 70 anos de carreira, no dia precisamente da estreia deste espetáculo.




Em maio deste ano, Eunice Muñoz partiu os dois pulsos e ficou com uma lesão grave na cervical, na sequência de uma queda durante os ensaios da peça de Tennessee Williams "O comboio da madrugada". A apresentação da peça foi por isso cancelada até à recuperação da atriz. 
A Biblioteca Municipal aproveita para desejar rápidas melhoras.


Tenha uma boa semana e vá ao Teatro

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