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maio 22, 2015

ERNESTINA


"Ernestina conseguiu escapar sem arranhões de maior aos perigos dos primeiros anos daquela vida dura, talvez porque o Sapateiro tinha juntado aos deveres de pai as funções de anjo da guarda. Além de mimos e cuidados para que nada lhe faltasse, servia-lhe ainda de escudo permanente contra as fúrias irracionais da mãe. (...)
Teimosa, desastrada, desobediente, repontona, com queda para transformar em calamidade as coisas simples - um dia à janela deixou escapar das mãos uma jarra de vidro que por pouco ia ferindo um vizinho, doutra vez pegou fogo à casa, a brincar com uma faca cortou a boca até à bochecha - Ernestina tornou-se no seio da família uma espécie de risco permanente. (...)
Ernestina aprendeu a ler e a escrever em menos de um ano, mas quando a escola fechou para as férias grandes a professora avisou os pais de que era melhor que a não voltassem a matricular, porque nem mesmo obrigada a aceitaria. Que a rapariga era o diabo feito gente, refilona de primeira, desobediente, sem ponta de respeito por nada nem por ninguém. Melhor seria até se a metessem num asilo, antes que fosse tarde".


Fotografia de Artur Pastor
Trás-os-Montes, década 50

O que o futuro reservou para Ernestina?

Descubra no livro que lhe deixamos como 
sugestão de leitura de fim de semana.
Hoje, dia 22 de maio, por ser o Dia do Autor Português
 deixamos-lhe um romance, que é considerado por muitos como uma das
 obras máximas da literatura portuguesa.

de



"Mãe de um só filho, a sua vida, que foi uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu".

Ernestina, nome da mãe do autor, é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de família ficcionadas. É um retrato do norte de país, entre os anos 1930 e os anos 1950, um romance que transcende o cunho regionalista e que atravessa fronteiras, transformando-se num fenómeno invulgar em Portugal e na Holanda , onde já vai na sétima edição.
O romance envolve um período de mais de 100 anos abrangendo três gerações de gentes da região do rio Sabor. É um livro recomendado como sugestão de leitura pelo Plano Nacional de Leitura, para a Formação de Adultos - Grau de Dificuldade III.



"Ernestina é o romance autobiográfico de Rentes de Carvalho, a estrela portuguesa da Holanda. É a biografia de milhares e milhares de famílias portuguesas. Um livro terno, mas nunca lamechas. Um livro duro, mas que nunca corta a esperança. Um livro simples e obrigatório".
Henrique Raposo , Expresso



De ascendência transmontana, J. Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em S. Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando em vários jornais.
Em 1956 passou a viver em Amesterdão, onde se licenciou e foi docente de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988. Dedica-se, desde então, exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias. A sua extensa obra ficcional e cronística tem sido publicada na Holanda e recebida com grande reconhecimento, quer por parte da crítica, quer por parte dos leitores em geral, chegando alguns títulos a alcançar o estatuto de best-seller.

"Para a Holanda levaria o sol que aquece tanto o corpo como a alma, levaria a paisagem, a boa cozinha, a nossa maneira de conviver, de ter tempo (mesmo quando o não temos). Da Holanda traria a correção, a pontualidade, o espírito cívico, a persistência em acabar o que se começa, a capacidade de empreender e de arriscar, a convicção de que o que se rouba ao Estado é um roubo a nós próprios e ao vizinho".

Em 2012 foi galardoado com o Grande Prémio de Literatura Biográfica APE/Câmara Municipal de Castelo Branco, com o livro "Tempo Contado" e, em 2013, o seu livro "Mazagran" venceu o Grande Prémio de Crónica.

***
Na nossa Biblioteca Municipal, o leitor encontrará, para além do livro da nossa sugestão de leitura de hoje, mais dois títulos do mesmo autor: A sétima onda e Os lindos braços da Júlia da farmácia.









maio 08, 2017

MELHOR LIVRO DE FICÇÃO NARRATIVA


Foi no passado dia 15 de março, no Grande Auditório de Centro Cultural de Belém, que J. Rentes de Carvalho recebeu o Prémio Autores 2017 na categoria Melhor Livro de Ficção Narrativa, com o romance O Meças.


"O melhor de um livro de Rentes de Carvalho é tudo"
                                                                                            Sara Figueiredo Costa, Time Out



Romance inédito que conta a história de António Roque, homem atormentado, possesso do demónio de funestas memórias. As imagens do passado que regularmente se apoderam dele transformam-no num monstro capaz dos piores atos. Mas a obscura história da irmã e do homem abastado que se servia dela e que, apesar de morto, continua a instigar-lhe um ódio devastador não é exatamente como ele pensa que se lembra.
Depois de anos emigrado na Alemanha, o Meças regressa à sua aldeia de origem. Com ele vivem o filho (a quem detesta) e a nora (a quem deseja, mas inferniza a vida), atemorizando de resto a todos os que com ele se cruzam.
Uma história de violência, em que a progressiva definição dos contornos da memória revelará novas e dolorosas verdades.


"Coisas do Meças". Dizem aquilo e encolhem os ombros, mas mexericam, danam-se de não saber, pois nem os segredos de confessionário costumam durar tanto.
Sempre de cara torcida, ultimamente vêem-no pouco, raro aparece nos cafés, pensaram que andasse metido nalguma e estivesse outra vez preso, como quando numa zaragata na Covilhã, com tanta porrada que lhe dera, tinha deixado um cigano às portas da morte.
Não lhe faz mossa o que pensam ou cochicham, mais o aflige sentir que, à medida que os anos passam, o casulo em que de pequeno se meteu às vezes lhe tira o ar".
                                                                                                                   In, O Meças



J. Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando em vários jornais. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, onde se licenciou e foi docente de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988. Dedica-se, desde então, exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias.

Para além do Prémio acima mencionado, recebeu em:
  • 2012 Grande Prémio de Literatura Biográfica APE com o livro Tempo Contado
  • 2013 Grande Prémio de Crónica APE com o livro Mazagran


O Leitor pode encontrar na nossa Biblioteca Municipal 
para empréstimo domiciliário os seguintes títulos:
  • Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia
  • A Sétima Onda
  • Ernestina
  • O Meças
  • Portugal a Flor e a Foice









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