dezembro 22, 2017

AS TRADIÇÕES SÃO PARA SE CUMPRIREM : AQUECEM-NOS POR DENTRO

Ilustração de Stevan Dohanos

"Quando chega dezembro, parece que, de repente, as pessoas endoideceram. É uma estranha loucura de inverno, um ritmo de vida frenético, uma má disposição com que se acorda, mas uma má disposição diferente de todas, e sem qualquer razão aparente, que nos faz andar com um estúpido sorriso nos lábios enquanto nos acotovelamos nas lojas, com licença, com licença, desculpe mas eu vi primeiro este urso de pilhas, com licença, com licença que estou na minha hora de almoço e esta é a única altura em que posso vir às compras, e eu?, se calhar julga que ando aqui a brincar, não?, tivesse vindo mais cedo se não queria atrapalhações, mais cedo?, qualquer dia começamos a fazer as compras de Natal em agosto, e por que não?

Ilustração de Norman Rockwell
Pois é. Todos os anos pela mesma altura fazemos as mesmas tristes figuras, e todos os anos prometemos que para o ano é que tudo vai ser diferente, e todos os anos refilamos que o Natal não é isto, que o Natal está a perder toda a sua espiritualidade, o Menino a nascer nas palhinhas, a mensagem de fraternidade e humildade e essas coisas - ouvimos logo o marido a perguntar se já comprámos a prenda para a mulher do patrão, "Olha que tem de ser coisa que se veja, aí não se pode poupar" ou então é a mãe que nos telefona a saber se já comprámos a prenda para ela dar aos netos, sim porque nós estamos folgadas e cheias de tempo, ela é que não tem um minuto livre, e além do mais nós é que sabemos do que as crianças precisam, que o tempo não vai para gastar dinheiro em presentes inúteis.
Com tudo isto, palavra que me faz uma confusão tremenda que ainda haja crianças que acreditem no Pai Natal. Elas acompanham os pais em intermináveis excursões de compras aos hipermercados, esperam horas infindas na bicha da caixa registadora com carrinhos ajoujados de compras (à vista desarmada empilham-se Nenucos - raio de nome que foram dar ao boneco - Meus Pequenos-Póneis, Sega Mega Drives, Barbies e Kens, ursos de peluche de três metros de altura) e elas ainda têm a força e a inocência q.b. para acreditarem  que tudo aquilo lhes vai parar às mãos no dia 25, por obra e graça do Pai Natal.
Que está lá muito longe, num sítio que elas ainda não perceberam bem se é o céu ou um país cheio de neve, mas seja onde for as novas tecnologias já lá chegaram, pois elas ainda há dias o viram na televisão a falar directamente com crianças de vários países. Neste momento até já deve estar na internet."
                                                                         
 In, Pezinhos de Coentrada, de Alice Vieira


Aproveite o tempo livre da quadra natalícia para ler. 
Requisite o livro na sua Biblioteca Municipal.








dezembro 15, 2017

NÃO SOU O ÚNICO



"Os Stones foram a banda que me levou a ser músico e me levou a tocar guitarra"




"Aprendi e experimentei muitas coisas. Tive algumas relações amorosas importantes, que me ensinaram muito e me fizeram crescer. Tenho orgulho na minha carreira profissional e gosto do que faço. Sou um homem feliz e apaixonado pela vida. Para além disso, tive uma sorte incrível por tudo o que vivi, o que faço e a família que tenho. Não tenho queixa nenhuma."
                                                                             
Entrevista a Inês Mestre em julho de 2004


A partir da próxima semana e até ao fim do mês,a nossa mostra bibliográfica
no átrio de entrada da Biblioteca Municipal será dedicada a biografias.

Assim, sugerimos-lhe ler a biografia de Zé Pedro
guitarrista dos Xutos & Pontapés,
escrita pela sua irmã Helena Reis,
editado pela Presença.




Neste livro somos convidados a entrar no mundo de Zé Pedro, dos seus sonhos, das suas paixões. Viajamos à sua infância festiva e luminosa, aos verões intemporais na praia do Vau, aos anos de adolescência nos Olivais, ao estonteante começo dos Xutos & Pontapés, aos amores vividos e sonhados, às conversas lânguidas e intermináveis no alpendre da casa de Melides, aos grandes sucessos da banda e ao fervor dos fãs, ao Johnny Guitar e ao panorama musical da época, às incontáveis tournées pelo país e estrangeiro... e sempre às muitas e belíssimas histórias que o acompanharam e nos encantaram.
É uma viagem apaixonante e irresistível que este livro nos propõe e uma oportunidade única de ficarmos a conhecer por dentro o sonho inabalável de um homem que mudou para sempre a história do rock português e que nos deixou no passado dia  30 de novembro.




"Foi ele que me fez imaginar que afinal era possível. Não só era possível, estava a acontecer!"
                                                                                                            Tim













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